Por
Sérgio Antonello

Assessor de Comunicação / PMB


Negócio da China é uma série de Cristina Suzuki que apresenta trabalhos inéditos da artista baseados nas etiquetas douradas com a inscrição Made in China, aplicadas em produtos confeccionados no país. A mostra faz parte da 5ª Temporada de Exposições do Museu de Arte de Blumenau (MAB), que abre ao público quinta-feira, dia 10 de novembro, às 19h, com a conversa com os artistas. A entrada é gratuita e a classificação etária é livre.


Durante o processo de criação das obras, a artista altera a escala da etiqueta até transformá-la em peça autônoma ou em múltiplos, na intenção da repetição agregar outras possibilidades de leituras. O projeto apresenta diferentes interpretações, simbologias e aplicações de padrões que permeiam tanto a cultura oriental como ocidental, que podem ser interpretadas como um sintoma da globalização e, sobretudo, como uma iconografia própria da industrialização transfronteiriça.


Douglas Negrisolli, curador independente, historiador de arte e criador no Stories App, descreve a exposição deste maneira: “Quando você olha para essas etiquetas super aumentadas, o que você vê? Eu vejo um pouco da história da arte e do capitalismo. Do capitalismo porque Cristina Suzuki está nos provocando sobre ele, sobre o que compramos e de onde isso vem, e tudo culmina em um só lugar: a China; não é à toa que a artista irá nos indagar com essas etiquetas que comumente são encontradas em produtos que foram fabricados por lá, especialmente os mais baratos. Brinquedos, ferramentas, máquinas e basicamente tudo o que usamos incluindo chips de computadores, são fabricados na China e é aqui que a artista nos chama a atenção com suas grandiosas etiquetas elevadas ao nível de categoria “arte”, assim como a Pop Arte fez.”


Os adesivos cuidadosamente refeitos em grande escala remetem muito à Pop Arte (surgida na década de 1950 na Inglaterra e consolidada na década de 1960 nos Estados Unidos), especialmente às esculturas de Claes Ondenburg quando ele fazia de um bolo tipicamente estadunidense ficar maior que as pessoas que passavam num jardim. “De uma maneira similar, Cristina Suzuki pega essa coisinha dourada que é colada nos objetos importados e mostra como a presença chinesa já não é mais uma ideia e sim algo do presente, uma dominação da grande fábrica do mundo que a China se tornou. E isso vimos bem na última pandemia do Covid-19”, observa. “A desindustrialização do Brasil e do restante do mundo nos colocou num lugar muito complicado com a China, da qual agora o mundo todo é dependente, seja por infraestrutura ou bens manufaturados, estes que compramos diariamente. Cristina eleva essas etiquetas com a brincadeira de fazê-las terem sentidos duplos quando você as vê, dependendo da posição, e assim você percebe a sacada inteligente de que nem tudo é o que parece e pouco se fabrica mesmo nestes lugares das etiquetas como nos Estados Unidos (USA), Reino Unido e Espanha só pra citar alguns.”


A artista


Cristina Suzuki (1967, São Paulo) vive e trabalha em Santo André (SP). Formada pelas Faculdades Integradas Teresa D'Ávila, pesquisa padrões de diferentes naturezas, possibilidades de reprodutibilidade e alternativas de ‘pulverização’ do trabalho de arte, utilizando gravuras, fotografias, objetos, instalações, desenhos digitais e vídeos. Participou de exposições individuais e coletivas, sendo premiada, em 2011, no Salão de Arte Contemporânea de Santo André, e em 1991 obteve menção honrosa no Salão ACM, em São Paulo.

Saiba mais

Abertura da 5ª Temporada de Exposições no MAB

Data: quinta-feira, 10 de novembro

Horários:

19h: conversa com os artistas expositores

20h: abertura da 5ª Temporada de Exposições do MAB, lançamento de livro e apresentação musical

Visitas: até 31 de janeiro de 2023, de terça-feira a domingo, das 10h às 16h

Visitas mediadas: podem ser marcadas pelo telefone 3381-6176

Classificação indicativa de idade: Livre

Entrada gratuita

Quem participará:

Sala Roy Kellermann: mostra "O corpo como casa, a casa como corpo", das artistas Arlette Kalaigian, Corina Ishikura, Cynthia Leitão, Heloisa Lodder, Jussara Marangoni, Nil Sanchez, Rosa Grizzo e Rosana Pagura

Curadoria: Rejane Cintrão

Sala Pedro Dantas: exposição "Eu & Você & Elas/Eles", do coletivo "As Catarinas" - Andreia Peixoto, Elke Hulse, Eliamar Almeida, Luciane Sell da Silva, Marcia Miotti, Marcia Domingues, Marize Didone, Patricia S. Pires, Silvia S. Ceccato e Sonia Zaccaron

Curadoria: Elke Hulse

Sala Elke Hering: mostra "Micro-cavernas Ósseas e suas Planografias", de Pedro Gottardi

Galeria Municipal de Arte/Sala Alberto Luz: exposição "Linha Vermelha", de Linda Poll

Curadoria: Gleber Pieniz

Galeria do Papel: "Negócio da China", de Cristina Suzuki