É incentivadora a proposta de Jesus convidando-nos a ser a Luz do Mundo. (Mateus 5:14.)


Por Rogério Miguez


No âmbito da segunda Revelação das leis e princípios divinos, trazida pelo Cristo, este convite do Mestre para que façamos brilhar a luz interior é de significativa relevância, demonstrando a importância por Ele concedida às suas ovelhas. É uma tentativa para despertar em todos o mundo desconhecido existente dentro de cada um, um verdadeiro tesouro de luz a ser descoberto por cada ovelha do rebanho.


Embora este apelo tenha sido lançado há dois milênios, poucos de fato observam esse chamamento fazendo brilhar a própria luz, de modo que, pelas obras, houvesse a glorificação do Pai que está nos céus.


A grande maioria dos que se dizem cristãos ainda primam pela manutenção do lado sombrio que os caracteriza, deixando de lado os alvitres renovadores, não só pregados pelo Mestre, mas muito bem exemplificados ao longo de sua breve existência carnal.


Por conta desta opção reiterada, ao longo dos séculos, em não fazer brilhar a luz interna, existe tanta dificuldade em se ajustar aos princípios da vida, levando mesmo alguns a lançar mão da opção pelo suicídio para interromper o seu mar de infortúnios e malezas que ainda imperam em suas existências.


A partir da construção desta luz, o indivíduo adquire a condição de bem enfrentar os desafios da vida, representados por provas, expiações e missões. Por esta razão é que Jesus nos exortou a edificar esta luminosidade, pois Ele sabia que – Espírito de luz que é -, ao nos tornarmos luminosos, conquistas tão almejadas se fariam presentes, tais quais a paz e a tranquilidade de consciência: quem as possui hoje em dia!?


Contudo, como se não bastassem os incontáveis exemplos de vida oferecidos pelo Rabi, pedindo para serem revividos, os cristãos de hoje em dia ainda indagam como elaborar esta característica em suas vidas? Como desperto a minha luz, perguntam atônitos?


É tarefa gradativa, sistemática, continuada, ininterrupta.


Todas as vezes em que nos encontrarmos em dúvida sobre como ou o que fazer diante dos conflitos variados, questionemos: Como Jesus agiria nesta hora em meu lugar?


Se estou diante de obstáculos, sejam de que ordem forem, Jesus recomendaria trabalhar sempre mantendo a calma. Observando que a definição de trabalho, conforme as leis de Deus, não é apenas aquela caracterizada por uma atividade desenvolvida e, quando ao término dela, há uma remuneração. Não! Há trabalho sempre que nos ocupamos utilmente. Considerando este conceito, as possibilidades de trabalho aumentam quase ao infinito.


Se estou diante de provações, muitas delas por nós mesmos escolhidas antes de um novo reingresso na carne, Jesus sugeriria aceitá-las, sem reclamos, pois a prova mal suportada perde a sua validade e, além disso, torna a vida quase insuportável, levando mesmo alguns ao desespero e à loucura.


Se estou diante de ofensas, não há outro caminho a seguir, exceto: perdoar. Se por qualquer razão deixamos que as afrontas e insultos nos martirizem, através da mágoa, prisioneiros estaremos de suas consequências, que se tornarão cada vez mais amargas na medida em que não as esquecemos.


Se estou diante de desentendimentos ou discórdias variados, tão presentes nestes turbulentos dias, Jesus certamente buscaria a pacificação. Não se apaga o fogo lançando combustível à fogueira. A pacificação é de incalculável valia para nos trazer paz de espírito.


Se estou diante do fracasso, seja de que tipo for, pois avaliei mal a empreitada, talvez superestimando os meus valores ou as minhas forças, Jesus indicaria o recomeço. Ninguém é criado perfeito. Os efeitos do fracasso serão úteis para a realização de futuras tarefas. Estacionar na estrada da vida em lamentações intérminas jamais será atitude saudável e não resolverá o desafio.


Se estou diante de tribulações variadas, tão frequentes em mundos de provas e expiações, Jesus não teria outra atitude senão experimentar a paciência e seguir em frente. Esta virtude é uma das mais importantes para acender a luz existencial. Sem ela, sucumbimos diante da imensa sombra do egoísmo que ainda nos cerca.


Se o cansaço nos alcança diante de tantas lutas e pequenas missões que devemos atender, sem sombra de dúvida, Jesus indicaria a renovação. Como ainda temos muitas matrizes negativas em nossa personalidade e caráter, é fundamental que haja a renovação em nossas palavras, atos e pensamentos e, para nos ajudar nesta empreitada, nada melhor do que estudar sempre.


Se tempestades e tormentas alcançam a atmosfera de nossa existência, temporais tão necessários para nos comunicar fortaleza íntima, robustecendo as nossas ainda incipientes virtudes, Jesus humildemente indicaria confiança em Deus, hoje e sempre. É fato que a Divindade nunca nos pedirá testemunhos superiores à nossa capacidade em vivê-los. Sendo assim, o que nos acontece é sempre resultado de semeaduras anteriores, ou mesmo fruto de nossa desatenção com as leis de Deus na presente existência.


Se a solidão nos procura, renitente e insidiosa, Jesus, em nome de sua sabedoria e amor incondicional ao próximo, seguramente recomendaria amar alguém. Sim, só se sentem sós e desacompanhados por todos aqueles que não se interessam por ninguém, nada fazem pelos outros, não se ocupam utilmente, permanecem centralizados com medo de tudo e de todos, desconhecem – e muitos nem desejam conhecer – que a lei maior é de amor, ao próximo e a si mesmo.


Considerando estas verdades, só nos resta fazer a escolha certa, inspirados em Jesus; contudo, caso ainda assim não desejemos seguir os passos do Mestre, ao invés da luz existencial, encontraremos, mais cedo ou tarde, outro sentimento tão em moda nos tempos modernos: o vazio existencial!