Hoje, 10 de novembro, é celebrado o Dia Mundial da Ciência para a Paz e o Desenvolvimento instituído pela UNESCO. Uma ocasião também para retornar a algumas das reflexões do Papa Francisco centradas na contribuição que o mundo científico pode oferecer a uma sociedade abalada pelas mudanças climáticas e por múltiplas guerras
Por Vatican News
Colocar em evidência o significativo papel da ciência na sociedade. Envolver o público em geral em debates sobre questões científicas. Estes são alguns dos objetivos do “Dia Mundial da Ciência pela Paz e Desenvolvimento” da UNESCO, que está sendo comemorado hoje, 10 de novembro. Focalizando este ano o tema "Ciências básicas para o desenvolvimento sustentável", o Dia pede uma reflexão sobre os benefícios que a ciência pode trazer à sociedade.
A parcela dos recursos nacionais com pesquisa destinados às ciências básicas varia muito de país para país. De acordo com dados do Relatório Científico 2021 da UNESCO abrangendo 86 países, alguns dedicaram menos de 10% dos gastos para a pesquisa às ciências básicas. Outros Estados ultrapassam 30%.
UNESCO: a ciência pode tornar o mundo mais sustentável
Em sua mensagem para o Dia Mundial da Ciência pela Paz e o Desenvolvimento deste ano, a diretora geral da Unesco Audrey Azoulay sublinha que "as descobertas científicas nos cercam e moldam nosso mundo: dos bilhões de transistores em nossos smartphones à mecânica e termodinâmica que alimentam os automóveis que dirigimos". "A ciência tem realmente o potencial de mudar nosso mundo tornando-o mais sustentável". Para aproveitar oportunidades importantes, "os cientistas precisam ter acesso a dados e informações, financiamento e equipamentos para realizar pesquisas".
A diretora recorda também que o relatório da UNESCO sobre a ciência, mostra que "apenas um em cada três pesquisadores é uma mulher". Por esta razão, a organização das Nações Unidas para educação, ciência e cultura se esforça para "levar mais meninas e mulheres para a ciência". Por exemplo, o programa de orientação científica da UNESCO na África Oriental "atingiu mais de 11 milhões de estudantes, a maioria meninas". "As ciências básicas", conclui a mensagem, "podem e devem ser nossos melhores aliados na resposta aos desafios contemporâneos. Neste período decisivo de convulsões climáticas, apoiar o desenvolvimento científico e promover a compreensão científica não é mais uma opção, mas uma necessidade".
O Papa: a ciência é um grande recurso para construir a paz
O Dia Mundial de hoje também visa promover a ciência como um instrumento para a construção da paz através de passos cruciais como o conhecimento e a cooperação. Neste tempo abalado por múltiplos conflitos, incluindo o da Ucrânia, o papel da ciência pode, de fato, ser decisivo para a superação de lógicas dramáticas que alimentam guerras e conflitos internacionais.
Durante seu pontificado, o Papa Francisco recordou repetidamente a grande contribuição que a ciência pode oferecer à sociedade. Em sua mensagem em vídeo em 2021, por ocasião do Encontro Internacional "Ciência pela Paz", o Pontífice salientou que a tarefa dos cientistas "é testemunhar como é possível construir um novo vínculo social". "A ciência", acrescenta, "é um grande recurso para a construção da paz".
Enquanto que por ocasião do encontro com os participantes da sessão plenária da Pontifícia Academia das Ciências em 10 de setembro de 2022, o Papa os exortou a "promover o conhecimento com o objetivo de construir a paz". "Após as duas trágicas guerras mundiais, parecia que o mundo havia aprendido a avançar progressivamente em direção ao respeito dos direitos humanos, do direito internacional e de várias formas de cooperação".
"Mas infelizmente", disse ainda Francisco, "a história mostra sinais de regressão. Não só os conflitos anacrônicos se intensificam, mas também os nacionalismos fechados, exagerados e agressivos estão ressurgindo, assim como novas guerras de dominação, que atingem civis, idosos, crianças e doentes, e causam destruição em todos os lugares". Portanto, é necessário "mobilizar todo o conhecimento baseado na ciência e na experiência para superar a miséria, a pobreza, as novas escravidões, e para evitar guerras".