Foto: Rodrigo Felix Leal/SEIL
O Paraná consolidou, nesta quarta-feira (22 de outubro), um marco histórico para a infraestrutura nacional: o canal de acesso ao Porto de Paranaguá se tornou o primeiro canal de um porto público brasileiro a ser concedido à iniciativa privada. O leilão, realizado na B3, em São Paulo, foi vencido pelo consórcio CCGD, formado pela brasileira FTS Participações Societárias S.A. e pelas belgas Deme Concessions NV e Deme Dredging NV. O grupo pagará R$ 276 milhões de outorga inicial, além de R$ 86 milhões anuais e 3% da receita bruta do empreendimento.
Com contrato de 25 anos, o projeto prevê R$ 1,23 bilhão em investimentos nos cinco primeiros anos, voltados à ampliação, modernização e manutenção do canal aquaviário que liga o porto ao mar aberto. A principal transformação será o aprofundamento do Canal da Galheta, que passará dos atuais 13,3 para 15,5 metros de calado, permitindo a atracação de embarcações maiores e aumentando significativamente a capacidade logística do terminal.
Segundo o governador Ratinho Junior, a concessão integra o plano de transformar o Paraná no “principal hub logístico da América do Sul”. Ele destacou que o aumento do calado reduzirá em até 12% o custo logístico para os usuários do porto.
A nova estrutura permitirá a entrada de porta-contêineres de até 366 metros e capacidade para 14 mil TEUs, além de graneleiros de 125 mil toneladas e navios-tanque de 74 mil toneladas. O diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia, afirmou que o projeto tornará o porto “o mais acessível do País para grandes embarcações”, com ganhos em eficiência e competitividade.
A concessão também trará melhorias ambientais e tecnológicas. Está prevista a instalação do sistema VTMIS, que controla em tempo real o tráfego de embarcações, aumentando a segurança e a proteção ambiental. O modelo econômico-financeiro do contrato inclui controle rigoroso de obras e monitoramento ambiental contínuo, com compensações e ações de recuperação ecológica.
O Canal da Galheta, situado ao sul da Ilha do Mel, foi construído na década de 1970 e se tornará referência para futuros leilões em portos como Santos, Itajaí e Rio Grande. A concessão se soma a outras iniciativas que vêm transformando o Porto de Paranaguá, o segundo maior do Brasil em movimentação de cargas — 66 milhões de toneladas em 2024.
Com o Moegão, sistema ferroviário de R$ 650 milhões em construção, e o novo píer em T com investimento público de R$ 1 bilhão, o porto vive o momento mais dinâmico de sua história. Pelo sexto ano consecutivo, a Portos do Paraná foi reconhecida como a melhor gestão portuária do País pelo prêmio Portos + Brasil, reafirmando o protagonismo do estado na logística nacional.
